O Peugeot 205 GTI foi um dos modelos mais marcantes da marca francesa, o verdadeiro enfant terrible. Conheça a história deste ícone.

O Peugeot 205 GTI comercializado entre 1984 e 1993 e, este ano, assinala-se, o seu 38.º aniversário. Competente compacto do segmento B, o modelo 205, que deu origem ao mais desportivo GTI, tem uma folha de serviço exemplar, pautada pelo sucesso que granjeou ao longo dos anos em que foi produzido, entre 1983 e 1998.

O Peugeot 205 arrecadou o galardão de “Carro da Década”, em 1990, atribuído pela Car Magazine e ganhou ainda o troféu “What Car? do Ano de 1984”, ano em que foi lançado comercialmente.

Ao longo de 15 anos foram produzidas 5.278.300 unidades do Peugeot 205 catalogando-o como o automóvel da marca francesa mais produzido até que o Peugeot 206 foi aprovado.

PEUGEOT 205 GTI: UMA MÁQUINA ENDIABRADA

O Peugeot 205 GTI é, indubitavelmente, um dos automóveis com design mais apelativo dos anos 80 e 90 do século XX.

Isso mesmo traduz o sucesso alcançado pelo modelo que, durante os anos de produção, quase não alterou o design exterior, optando a marca por fazer pequenos facelifts exteriores e atualizações mais profundas no habitáculo.

O Peugeot 205 GTI integrou um leque de automóveis a que se designa chamar de ‘pocket rockets’ (numa tradução mais popular ‘foguetes de bolso’). Naquela década outros modelos surgiram com o mesmo espírito: caso do Fiat Uno Turbo, Citröen AX GT, Opel Corsa GT ou Renault 5 Turbo.

Todos conhecidos por serem automóveis muito compactos, equipados com potentes motores (à época), leves e ágeis, o que os tornava muito divertidos de conduzir.

Motor nervoso tornou-se uma referência

O Peugeot 205 GTI foi disponibilizado, pela primeira vez, em 1984. Precisamente, no ano em que se estreou o modelo com carroçaria de 3 portas.

A marca equipou esta versão mais desportiva com motor 1.6 litros, que debitava 105 cv, e que rapidamente conquistou adeptos devido a ser “nervoso”. Num ápice passou a ser a referência no seu segmento.

A estas caraterísticas juntava agilidade e uma condução divertida. Com o espírito do 205 GTI casavam bem as alterações estéticas que apresentava quando comparado com a versão normal: para-choques específicos, jantes de 14 polegadas, tapetes em cor vermelha, suspensões desportivas, bancos desportivos e um volante de três raios.

Para sublinhar a característica desportiva os arcos das rodas eram mais pronunciados para alojar as jantes de maior diâmetro.

1986: mais potência e melhor desempenho

Se os primeiros Peugeot 205 GTI foram equipados com o motor XU5J de 1.580 cc (derivava do bloco XUS presente no Peugeot 305 GT), montado transversalmente à frente e inclinado 30º para trás (arquitetura interna de cambota de ferro fundido assente em cinco rolamentos, biela em aço forjado e pistões em alumínio fundido), debitava 105 cv às 6.250 rpm, a partir de 1986 o modelo recebe versão atualizada que entregava mais 10 cv.

O bloco a gasolina passa assim a debitar interessantes 115 cv tornando o “l’enfant terrible” mais endiabrado e divertido de conduzir.

No entanto, seria o GTI equipado com motorização 1.9 litro, a gasolina, a debitar 130 cv, que a marca francesa apresentou (1986) no Salão Automóvel de Paris (outubro) que viria a constituir a rampa de lançamento para que o modelo se tornasse no desportivo de referência entre a demais concorrência.

Com consumo médio de 7,8 litros/100 km, sprint 0-100 km/h em 7,8 segundos, velocidade máxima de 206 km/h e um peso de 860 kgs, o 205 GTI 1.9 litro, debitava 130 cv, às 6.000 rpm; enquanto o binário máximo de 161 Nm era atingido às 4.750 rpm. A caixa era manual de 5 velocidades e a tração dianteira.

A complementar a mecânica estava um chassis bem construído, responsável pelo comportamento dinâmico equilibrado coadjuvado por suspensão desportiva.

O sistema de travagem integrava 4 discos (os da frente ventilados) e pneus de medida 185/55 montados em jantes de 15 polegadas.

Peugeot 205 GTI: entusiasmo não terminou em 1993

Sublinhe-se que a Peugeot percebendo o sucesso que tinha entre mãos, promoveu, ao longo dos anos, o lançamento de edições especiais do 205 GTI, mantendo assim o interesse de fãs, adeptos da marca e púbico em geral no seu modelo.

Na sequência do sucesso surgiram ainda o Peugeot 205 Rallye (1988-1992) e o Peugeot 205 Turbo 16 (também conhecido por T16, este produzido entre 1984 e 1986), que participou nas competições de rali no Grupo B.

O Peugeot 205 T16 estava equipado com motor 1.8 litro, que debitava 200 cv às 6.750 rpm, binário máximo de 255 Nm às 4.000 rpm, tração 4WD e caixa manual de 5 velocidades. Cumpria o sprint 0-100 km/h em 7,3 segundos, com uma velocidade máxima de 214 km/h, um peso de 980 kg e consumo médio de 12,2 l/100 km.

Os Peugeot 205 T16 constituíram os modelos de maior sucesso a competir nos últimos dois anos da existência do Grupo B do Campeonato Mundial de Rali. Venceram os títulos de construtores e pilotos em 1985 e 1986, com Timo Salonen e Juha Kankkunen.

De referir que o chassis e o motor do Peugeot 205 T16 viriam a constituir a base do concept Peugeot Quasar.

Apesar da produção do Peugeot 205 GTI ter terminado em 1993 o entusiasmo e popularidade que conquistou junto de fãs e adeptos da marca francesa não esmoreceu, elevando-o ao estatuto de ícone.

Com o passar dos anos o automóvel bom e barato tornou-se num apetecido clássico, que viu o seu valor subir exponencialmente face ao interesse e carisma que desperta.

Fonte: www.e-konomista.pt